III
Congresso Internacional de Futebol
Semana
passada tive o prazer de estar mais uma vez presente ao Congresso Internacional
de Futebol em Porto Alegre, que tem como mentor o professor e preparador físico
Márcio Correa. Mais uma vez o congresso ficou marcado por palestras de grande
valor científico e metodológico. Foram tratados vários temas, tais quais são de
extrema importância para o momento que o futebol brasileiro se encontra. Como o
calendário do futebol profissional, a modernização dos estádios, o jogo de
futebol como espetáculo, o legado que a copa deixou para o futebol brasileiro e
principalmente a metodologia que vem sendo aplicada em nosso país. Não apenas
dentro das quatro linhas, mas também fora delas.
O
foco principal do Congresso e que vem sendo discutido a algum tempo,
principalmente nas categorias de formação dos clubes, é a metodologia de
trabalho aplica hoje no Brasil.
Depois
da amostragem Copa do Mundo FIFA 2014 aonde seleções de pouca expressão no
cenário mundial equilibraram forças com grandes potências, nos leva a crer que
em termos metodológicos estamos devendo, levando em consideração todo nosso
histórico dentro da maior competição futebolística do mundo.
No
III Congresso Internacional ficou marcado por trazer profissionais de pouco
destaque no futebol nacional, mas que trazem uma “nova” perspectiva
metodológica, que se baseia simplesmente no jogar, e na complexidade que tal
fenômeno oferece. Nomes como Bruno Pivetti que atualmente é auxiliar técnico do
Guaratinguetá Futebol Ltda e Rodrigo Leitão que hoje é o técnico da Sub-17 do
Corinthians. Ambos falaram sobre a aplicabilidade de seus trabalhos, baseado na
Periodização Tática. Metodologia que tem como berço a Universidade do Porto em Portugal
e como mentor o português Vitor Frade. O
método chamado sistêmico, não por basear seus trabalhos no sistema da equipe,
mas sim por enxergar o jogo como um sistema, como um todo. O sistema é um conjunto de partes interagentes e
interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado
objetivo e efetuam determinada função. E dessa forma baseia-se o treino. Tendo
como principal objetivo o comportamento tático coletivo da equipe, deixando em
um segundo plano outros aspectos inerentes ao jogo como os componentes
técnicos, físicos e psicológicos.
Levando em consideração esse fato de termos treinadores emergentes
como palestrantes em um congresso internacional de futebol, dentro do “país do
futebol” que devemos refletir aonde estamos e aonde queremos chegar.
Isso não é uma crítica ao congresso, muito menos aos palestrantes,
mas sim a todos que ainda insistem em ver barreiras entre o campo e a sala de
aula, aos estudos não só ao futebol, mas também ao desenvolvimento humano.
Muito conhecimento vem sendo produzido, novos métodos sendo aplicados, pequenos
clubes estão fazendo ótimos trabalhos nas categorias de formação por todo o
Brasil, mas as grandes referências tem podado esse crescimento pelo puro e
simples desconhecimento, e também por vaidade. O futebol tem evoluído e essa
evolução passa pelos profissionais que atuam nas diretrizes do trabalho, e essa
mudança deve começar por ai.
Não sou defensor da aplicação da Periodização Tática no Brasil em sua plenitude,
pois acredito que temos uma cultura própria e que como tal deve ser respeitada.
Mas muitos fatores podem ser e devem ser aplicados ao nosso futebol. A Evolução
da comissão técnica hoje, passa por esse caminho, treinadores com uma visão
mais holística, vendo o jogo como um todo, e não apenas por partes. O perfil do
preparador físico também mudou, pois a preocupação não deve ser apenas com
questões fisiológicas, mas sim com o desenvolvimento do atleta dentro das idéias do treinador e torná-lo apto para desempenhar tais
funções, em âmbito comportamental, não apenas físico. E claro sem abrir mão de
todos os benefícios que as metodologias de treinamento físico nos trouxeram até
o presente momento, tais como controles de treino, como intensidade e
sobrecargas. Visando o desempenho coletivo da equipe.
Bom, fica aqui meus parabéns aos organizadores do congresso que
estimularam muito a forma de pensar, não apenas de quem está diariamente no
campo, mas principalmente de que tem a incumbência de coordenar todo um
processo de formação. Seja de uma equipe de base, ou profissional.