Final da SC CUP 2011 Audax-SP x Atletico-PR. É cada vez mais comum ver em finais de competições de base, nomes novos, nomes que a torcida de grande clubes não estavam acostumados. Em muitos torneios de categorias de base os grandes clubes, clubes de massa, que sempre tiveram hegemonia de conquistas e até mesmo de participação em grandes torneios de base. Clubes pequenos, ou clubes formadores vêm ocupando um espaço de destaque no cenário de formação de jogadores no Brasil e no mundo. Clubes estas que possuem estrutura, objetivos e em alguns casos metodologia de trabalho, muitas vezes projetos de formação baseados em clubes europeus.
O futebol brasileiro passa por um momento de reflexão, principalmente em suas categorias de base, ficamos tanto tempo parados quando se diz respeito a metodologias de treino. Por muitos anos, e ainda hoje, a preocupação dos treinos era, na maioria das vezes, voltada a individualidade, tanto em aspectos físicos como em questões táticas. Situações como, sobra de marcação, marcação individual, bola quebrada no nº9 foram preocupações prioritárias de muitos treinadores. E questões coletivas, de entendimento de jogo, como percepção, análise e definição de comportamentos dentro do jogo não faziam parte do treino. Muitas vezes pelo simples fato do não conhecimento destes fatores por treinadores e/ou por enxergarem o jogo como pequenas frações de 1x1.
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O que temos hoje são jogadores formados ou descobertos? Jogadores que talvez se tornassem jogadores por puro talento individual. Por muitos anos e ainda hoje temos a valorização extrema do individualismo. E por essa infindável disponibilidade de talentos, de jogadores e de títulos o Brasil não evoluiu na questão metodológica. Nossos jogadores são mais frutos de nossa cultura futebolística do que de um sistema de formação eficiente, que busque a valorização do atleta como um todo, que pensa, analisa e executa ações em frações de segundos dentro de um ambiente complexo e coletivo.
Uma onda metodológica vem ganhando tamanho e força, uma visão mais sistêmica, que busca uma formação mais abrangente do jogador. Tendo como objetivo a união dos componentes táticos, técnicos, físicos e psicológicos do atleta. Representada pela Periodização Tática essa onda que se difundiu em Portugal, com conceitos holandeses está tomando força no Brasil.
Nos grandes clubes uma mudança metodológica muitas vezes é muitas vezes castrada pela falta de profissionalismo de direções amadoras que não respeitam na maioria das vezes individualidade de cada atleta, nem um seqüência metodológica que não valorize apenas as vitórias e os títulos nas categorias de base, o que é fato comum no cenário futebolístico nacional, Mas por que os clubes escolas vem conseguindo melhores participações em torneios de base, pós é um ambiente aonde os profissionais encontram melhores condições para uma mudança metodológica. A busca pelo resultado ela fica em segundo plano, a formação é a prioridades, formar para que um de seus jogadores chegue a um grande clube, então a formação é priorizada. A pressão de dirigentes e torcedores por títulos é menor e até mesmo a influencia da empresa é maior, pois com a internet a cobertura é cada vez maior, através de blogs e sites especializados em categoria de base e futebol regional. Outro fator importantíssimo que propicia uma aplicabilidade metodológica em clubes formadores é o tempo para o desenvolvimento, em clubes grandes a gestão de presidentes é de dois anos, em clubes formadores o um tempo maior ou em alguns o casos o clube tem um dono, então a metodologia segue sendo aplicada.
Outro passo para que continuemos não tendo uma metodologia consistente é o radicalismo de idéias, o confronto de idéias que temos hoje em desenvolvimento no país. Não teremos um processo de formação consistente que supra todas as necessidades de nossos atletas se copiarmos metodologias já existes. Não é culpa da preparação física que nossos atletas são na sua maioria pobres taticamente, pobres na resolução de problemas complexos dentro do jogo. É comum jogar a culpa da falta de uma organização tática de uma equipe sem princípios de jogo na valorização dos componentes físicos. Precisamos usar o que temos de melhor nas características que o Brasil já possui e complementar com novas idéias, idéias estas que são necessidades de mercado, tanto interno, como externo do futebol na formação de novos jogadores. O mercado não está aberto apenas para craques, mas também para bons jogadores, com um bom entendimento de jogo, boa qualidade técnica, física e psicológica.
É claro que esta construção não acontece de um dia para o outro. A mudança é um processo longo, e gradual que exige dos clubes, uma programação metodológica ao longo de vários anos.
Prezado Túlio,
ResponderExcluirDe fato é isto que vem ocorrendo nas competições nacionais. A captação dos grandes clubes continua a ser maior mas o tempo que os atletas passam nos clubes formadores que têm um projeto técnico de formação supre a menor captação. O trabalho desenvolvido nestes clubes a meu ver é a mudança que deve ocorrer nos grandes. Os exemplos já estão espalhados pelo país. Abraço e parabéns pela abordagem!!
Obrigado Fabrício, e realmente, uma coisa supre a outra, e como você disse, um modelo de formação consistente traz bons resultados principalmente coletivamente.
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